domingo, 27 de janeiro de 2013

Uma Divagação - Amamentação: obrigação? Não. Apenas o acto mais natural.

A gravidez é uma fase muito pessoal e muito curiosa da mulher. Surgem dúvidas, as hormonas ficam loucas (nós não!!! só as hormonas!!!), a ansiedade vai crescendo... Contudo, cada caso é um caso. O que uma mulher passa, o que sente, pode ser é uma vivência única.

Quando as dúvidas surgem, recorremos à internet, aos amigos, à Mãe..., à procura da resposta, da solução ideal. E o mesmo se aplica no pós-parto. Dúvidas --> Procura --> Resposta. Ou não...

Nos dias de hoje, temos informação em abundância. Tanta que, na minha opinião, por vezes, chega a ser contraproducente.

Quando uma grávida ou mamã me pergunta acerca de algo (o que fazer, como proceder, qual o caminho...), eu respondo com a minha experiência, aquilo que vivencio nesta maravilhosa viagem. Mas alerto sempre para o seguinte: não dou conselhos mas explico o que faço ou fiz, consoante a situação. E sempre com a ressalva que o que funciona (ou não) comigo pode não ser o mais apropriado para outra pessoa.

Há alguns dias atrás, passei por um blog que falava de amamentação (um dos temas mais quentes para as futuras Mamãs). A autora é uma defensora acérrima deste acto (até aqui, excelente). Contudo, esta sua convicção faz com que considere ser a única forma de alimentação possível, sendo desagradável com as Mães que não amamentam. Fiquei muito aborrecida. Mesmo. Não entendo a cabeça limitada de algumas pessoas, cujo fanatismo as leva à total falta de empatia e compreensão perante outro ser humano.

A minha experiência:

Uma certeza que sempre tive: querer amamentar o meu bebé

Porém, comecei a aperceber-me (no curso de preparação para o parto e em conversa com outras mulheres) que, aparentemente, amamentar era um acto obrigatório. Aliás, de acordo com a formadora do curso (que amei, à excepção desta parte), a enfermeira não tem de perguntar se queremos amamentar, nem pode pensar em oferecer uma chucha ao bebé! (coitada da enfermeira do Bebé A, parecia uma zombie. Fui eu que fiz questão de lhe dar a chucha porque a senhora já estava a passar mal com tanto choro, a noite toda). Eu percebo a intenção de evitar a chucha, a possibilidade de o bebé poder recusar o peito. Só tento exemplificar que nem sempre é como dizem e que a nossa intuição de Mãe vale milhões!

Como pretendia, coloquei o bebé ao peito e a coisa correu muito bem porque ele nasceu com o reflexo de sucção muito activo (uma vez mais, contra o que me tinham transmitido: quando nasce de cesariana, o bebé fica mais "mole", menos reactivo, com pouca capacidade de sucção. Desculpem o termo mas bullshit. O meu filho já levantava a cabeça poucas horas depois de nascer!)

O problema foi o meu pós-parto. Depois de sofrer os horrores da subida do leite (mais uma vez no meu caso foi mau. Muito mau.), e com o bebé a alimentar-se bem, tive uma situação pouco feliz que me obrigou a nova intervenção cirúrgica. Ora, como podem calcular, o organismo ressentiu-se e deixou de produzir leite. Ou seja, o Bebé A começou a beber leite em pó (o chamado leite artificial). As minhas hormonas loucas, começaram a aceder à memória a curto prazo e a expressões que ouvira, entretanto:

"Uma boa mãe amamenta"
"O bebé não se torna tão saudável com leite artificial" - pânico
"O bebé vai ter um sistema imunitário mais fraco" - pânico absoluto

Não imaginam o que chorei. Ninguém me conseguia convencer que era boa Mãe, independentemente de dar peito ou não (não conseguia ligar o meu lado racional, aquele que sempre lutou contra os tais dogmas).
Foram momentos angustiantes. Valeu-me o apoio da família e da pediatra (sim, foi uma das pessoas que mais me ajudou a superar esta "parvoíce")
O engraçado é que, com tantas tentativas, e com a ajuda do meu filho, voltei a ter um pouco de leite. O organismo é fantástico...

Mamãs, vocês têm o direito à informação e à escolha. Aproveitem. Se quiserem dar peito, perfeito (na minha modesta opinião, é o melhor) mas se optarem por não o fazer (ou não conseguirem), está tudo bem.
Tal como há estudos que indicam que o leite materno é o melhor, que os bebés são mais saudáveis, etc., também há evidências que nos demonstram, precisamente, o inverso: casais com dois filhos, em que a criança mais saudável foi alimentada com leite em pó.

Again, cada caso é um caso e há excepções às regras.

Leiam, informem-se mas, acima de tudo, acreditem em vocês mesmas. 

Quando alguém nos transmite uma "verdade absoluta" é, precisamente, quando devemos parar, interrogar e investigar. Os meus Pais sempre me disseram: "pensa por ti própria, não assumas as verdades dos outros". É o que tento fazer...


Perdoem-me esta divagação. É que não gosto nada (mesmo nada) de ver uma pessoa mal tratar outra devido a uma mera divergência de opinião. E, depois do que senti na pele, sei que a última coisa que uma futura Mamã precisa é transformar esta questão num dilema. Não é! É muito simples :) 
Divirtam-se, esta é uma das melhores fases das nossas vidas ;)

Desejo-vos um resto de bom Domingo :)

4 comentários:

  1. Eu acho que as pessoas têm que estar, acima de tudo, informadas, bem informadas. E depois são livres de tomar uma decisão consciente com base nos fundamentos que existem. Todos sabemos que a amamentação é melhor que o leite artificial mas em muitas situações é preciso recorrer ao leite artificial e eu, como enfermeira a trabalhar nessa, área deixo sempre bem claro que ninguém é menos mãe por não amamentar e nenhum bebé vai ser menos saudável por tomar suplementos ou não ser amamentado de todo. Acho que as pessoas que estão à nossa volta são muitas vezes desagradáveis por estarem mentalizadas com ideias mais que ultrapassadas e, como tu dizes, que julgam verdades absolutas. Fazes mt bem em pensar por ti, é isso que se devem incutir nas mamãs ! :D Beijinhos

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    1. Obrigada pelas palavras. Ainda bem que existem profissionais assim, conscientes e humanas :)

      Um beijinho!

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  2. No meu caso foi muito complicado a amamentação. Começou no hospital. Tive parto cesárea e com 05 horas após o parto trouxeram o bebê e deixaram comigo. O Hospital não ofereceia auxílio nenhum e dei banho, troquei e tentei amamentar sozinha. Sentia tônturas, dores, mas me levantava a cada choro e me diziam, põe no peito, isso é fome. Cheguei a ficar mais de 03 horasseguidas, com o bebê no seio, não dormi no hospital, mal sentava, resultado: rachaduras nos seios, dores, sangramento e muita tristeza, até que chegou um momento que não conseguia suportar a roupa de tanta dor, desisti, ofereci mamadeira, meu bebê ficou calmo, consegui me recuperar apesar das críticas e contrariando o que dizem, hoje tem 02 anos e nunca pegou uma gripe que seja, seu crescimento e peso são excelentes.

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    1. É por este motivo que sempre digo que é preciso sorte com os profissionais que apanhamos. Seja onde for.
      Uma experiência que deveria ser maravilhosa e que, nos dias de hoje, não tem porque não o ser, acaba por se transformar em algo traumático.

      O mais importante é o Bebé. Excelente crescimento, peso e saúde, com leite materno ou artificial. Boa!

      Obrigada pelo testemunho.

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